O Homem Contemporâneo e a Nova Economia Psíquica
Algumas Reflexões – estudos em 2017
Esse texto é fruto das reflexões feitas pelos integrantes do grupo de estudos: O Homem Contemporâneo e a Nova Economia Psíquica, que se reúne sempre às segundas quintas-feiras do mês, às 15:00 na sede da SPAG, e tem como leitura principal o livro “ O Homem sem Gravidade”, de Charles Melman, acrescida de outros pensadores da psicanálise, desde o seu fundador Freud, passando por conceitos de Lacan e autores como Joel Birman, Chistian Dunker, Maria Rita Kehl e outros.
Em 1924 Freud conceitua o Complexo de Édipo como pilar da subjetividade do sujeito. O mundo então, era organizado em torno da família patriarcal e do inconsciente dos romances familiares.
Em 1932 Lacan em seu artigo “Os complexos familiares na formação do indivíduo” aponta o declínio da imago parental e expõe sua decadente influência no campo social.
Na modernidade, o conflito das pulsões chocava-se com a interdição moral para a preservação da ordem familiar. Esta mesma ordem familiar foi mostrando-se ineficaz à medida que o pacto de código de valores da modernidade foi sendo desfeito.
Na contemporaneidade, o choque se dá em torno do gozo das novas subjetividades. As mudanças ocorridas nas novas formas de mal-estar da contemporaneidade contrastando com o discurso freudiano.
O mal-estar da modernidade era o desamparo do sujeito, a nostalgia da figura do pai edipiano.
O mal-estar da contemporaneidade é o desalento do sujeito articulado pela nova moral do narcisismo.
Passamos do conflito psíquico para a evidência dos registros no corpo, da ação imediata e da intensidade.
Temos o corpo como caixa de ressonância desse mal-estar?
– A saúde é o bem supremo a ser conquistado em contrapartida ao estado de estresse permanente pela angústia do real.
– O ser é exteriorizado e performático. A hiperatividade é frequente.
– O ser é excessivo e a sua marca se traduz na explosividade em grau intenso de irritabilidade.
No panorama sociopolítico da contemporaneidade, a violência e seus decorrentes como a criminalidade, a crueldade são a marca das ações. O alimentador desse cenário agressivo, sem dúvida, é a compulsão generalizada em todas as suas formas.
Essa psicose social parece advir desta liberdade estéril, falsa na medida que se ampara na busca de uma satisfação/insatisfação sem fim. Sua tentativa de preenchimento ilusório através de um consumismo incentivado pela lógica capitalista neoliberal.
Parece haver um mal-estar próprio da cultura neoliberal.