LEITURA & DEBATE: HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO DA TÉCNICA PSICANALÍTICA

LEITURA & DEBATE: HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO DA TÉCNICA PSICANALÍTICA

 

 

 

 

 

HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO DA TÉCNICA PSICANALÍTICA.

 

Em 1885, Freud, neurologista, viaja A Paris para estudar com Charcot, o primeiro médico a considerar seriamente os fenômenos histéricos, até então vistos como simulação. Doentes que apresentavam paralisia dos membros, mutismo, dores, angústia, cegueira, convulsões, desafiavam a medicina da época, que não encontrava uma explicação causal plausível para esses sintomas. Na época, as perturbações psicológicas ou psicogênicas eram vistas como degenerações do sistema nervoso.

Com Charcot, aprende que os sintomas histéricos poderiam ser evocados ou retirados por sugestão, sob estado hipnótico. O método consistia em, sob efeito hipnótico, ordenar aos pacientes que resistissem às manifestações sintomáticas. A conclusão que se chegou foi que esses sintomas existiam também como representações psicológicas e não apenas como manifestações físicas. Porém, esse método só era
efetivo no grupo de pessoas “hipnotizáveis” e seu resultado era instável.

Durante seus estudos no Instituto de Fisiologia da Universidade de Vienna, Freud conhece Breuer, médico, fisiologista e professor do instituto, que já havia observado que pacientes ficavam livres dos transtornos, quando expressavam em palavras as fantasias  que as dominavam naquele momento. Mas, ainda, sob hipnose. As pacientes quando retornavam do estado hipnótico não se lembravam do que havia acontecido. Esse método levou o nome de Método Catártico.
Freud  passa a se concentrar nas vivências esquecidas ou reprimidas. Inicialmente insiste para que suas pacientes lembrem o acontecido. Descobre então que existe uma força que se opõe a lembrança e que tende a mantê-la reprimida, sustentando assim o sintoma. Batiza esse mecanismo psíquico de Resistência.

O passo seguinte foi abandonar a “técnica da insistência” (sugestão) e substituí-la pela da Associação Livre. Consistia em propor uma  regra que o paciente se comprometia a seguir: dizer tudo que lhe ocorresse sem omitir nada, ainda que fosse penoso de dizê-lo ou ainda que parecesse que tal fato carecia de importância ou de sentido.
Nessa época prevalecia a teoria do trauma: a revivência ou a lembrança de uma situação traumática específica levaria à cura do sintoma. A interpretação e a comunicação do impulso reprimido a paciente era o principal, senão o único, instrumento terapêutico. O trabalho do médico era fazer a paciente lembrar. Mas, isso não foi o suficiente. Os pacientes ouviam as interpretações e continuavam alheios. Era
preciso vencer resistências antes de lhes comunicar os impulsos reprimidos inconscientes.

Surge, então, a técnica da Interpretação das Resistências. Na medida em que as resistências eram vencidas, as lembranças e vivências reprimidas, desejos e fantasias podiam ser admitidas como pertencendo ao ego. O conflito, agora consciente, não era mais capaz de produzir sintomas. Esse último método Freud batizou de Psicanálise.

                                                                                                                                                                                                                     Ronaldo Marinho

 

 

Ronaldo Marinho é Psicólogo, Psicanalista, Membro efetivo da SPAG-RJ, onde foi Presidente e Diretor de Publicações. Foi co-autor do Projeto de Implantação e Funcionamento do Centro de Atenção Psicossocial Nise da Silveira em Petrópolis, RJ, e seu primeiro Coordenador. Na mesma cidade introduziu a psicanálise com grupos durante sua atuação nos ambulatórios de saúde mental.

 

Obs.: Esse texto foi publicado no Facebook e no Instagram da SPAG-RJ na primeira quinzena do mês de Agosto, em continuidade à proposta:  Leitura&Debate.