LEITURA & DEBATE : A PESTE

LEITURA & DEBATE : A PESTE

                       A PESTE

 

 

“Não sabem que estamos lhe trazendo a peste”                                                                                                                                                                                -Frase atribuída a Sigmund Freud ao chegar à Nova York para sua primeira palestra na América.

 

O impacto que o movimento psicanalítico causou a cultura do século XX
é inegável. Neste momento, passados quase um quarto do século XXI, o
interesse pelas teorias de Freud não diminuiu. Seus pressupostos básicos e
seu modo de explicação, infiltrou-se profundamente na compreensão das
forças psíquicas que atuam no interior de cada indivíduo e na relação, não
menos conflitante, desse indivíduo com sua cultura.
As teorias psicanalíticas inspiraram trabalhos em áreas distintas que vão
da medicina às artes, da psicologia às ciências sociais e da religião à
sexualidade.
Freud, com a psicanálise, nos convidou a voltarmos a atenção aos
sonhos e aos nossos desejos como uma expressão legítima do nosso ser no
mundo. Ao se afastar da neurologia, criou uma psicologia interpretativa que
procurava encontrar sentidos nos atos humanos que pareciam não fazer parte
do controle racional, como os sintomas, os sonhos e os atos falhos.
A bem da verdade, nenhuma teorização que envolva a relação do sujeito
consigo mesmo, com o outro ou com sua cultura deixou de ser comtemplado
pela psicanálise. Tal como se referiu o mestre em carta para Carl G. Jung, em
05 de julho de 1910:
“Estou cada vez mais convencido do valor cultural da psicanálise e
acolheria com prazer o espírito esclarecido que dela extraísse as
consequências válidas para a filosofia e a sociedade.”

                                                                                          Ronaldo Marinho

Ronaldo Marinho é Psicólogo, Psicanalista, Membro efetivo da SPAG-RJ, onde foi Presidente e Diretor de Publicações. Foi co-autor do Projeto de Implantação e Funcionamento do Centro de Atenção Psicossocial Nise da Silveira em Petrópolis, RJ, e seu primeiro Coordenador. Na mesma cidade introduziu a psicanálise com grupos durante sua atuação nos ambulatórios de saúde mental.